terça-feira, 18 de maio de 2010

Aos treze




Tinha eu 13 anos quando minha mãe me deixou sair sozinha de ônibus pela primeira vez. Naquela época eu era metida a adulta, achava que poderia me cuidar sozinha, que era esperta o suficiente para não deixar que nada de ruim acontecesse a mim. Acreditava nas pessoas, na verdade, acreditava que as pessoas assim como eu eram incapazes de mentir por perversidade. Querem uma verdade ainda maior? Ainda acredito, mas nem tanto assim. Sempre fui muito ingênua, por diversas vezes me "passaram a perna", seja pessoal ou profissionalmente. Já fui apaixonada por um garoto, era louca por ele, sentia aquele frio na barriga quando ele se sentava na carteira ao lado na hora da aula; Um certo dia na feira cultural do colégio fui assistir a apresentação do trabalho dele, que se não me engano era sobre a "santa" Inquisição, ele fazia o papel do carrasco e quando as luzes apagaram, ele me beijou, nossa, eu fiquei mole nos braços dele, mas minha felicidade não durou muito, em menos de uma semana descobri que tudo não passou de uma brincadeira de mal gosto da parte dele e de mais 2 meninas que gostavam dele, e que queriam sacanear com a nerd da sala, no caso Eu! Mas também, depois dele eu não me apaixonei mais... por garotos.
Aos treze descobri muito sobre mim, fui capaz de trocar de turma no colégio por causa de uma "apaixonite" por uma colega de escola. É... Eu devia ter imaginado naquela época que os garotos não seriam o meu único problema. Enfim. É incrivel como temos a falsa sensação de ser a dona da verdade. Aprendi que não era apenas no ensino médio, por que em filosofia descobri que a verdade é relativa, e soube usar isso muito bem, quando o meu professor de filosofia resolveu me dar apenas 9,5 na minha prova, sendo que eu merecia 10, o meu argumento? "O senhor mesmo disse que não existe verdade absoluta, como pode afirmar que não mereço 10 em vez de 9,5?". É ele me deu mais meio ponto, mas me sacaneou na avaliação seguinte. Foi ai que descobri que se você quer ser experta com alguem, primeiro se certifique de que ela não terá oportunidade de dar o troco.
Com essa mesma idade eu dei o meu primeiro beijo, e foi em alguém que eu realmente amava, minha melhor amiga, vamos chamar ela de R., ela simplesmente me ajudou a ser quem sou hoje, não sei por onde ela anda, da mesma forma que ela não deve saber por onde eu ando. Nós mudamos muito. Mas eu nunca vou esquecer das horas que passei com ela na biblioteca do colégio lendo sobre cinema. Nem de quando trocávamos uma banda do all star, o que me rendeu uma ida a psicologa da escola, que acabou minha amiga, pq ela dizia que eu cresceria e poderia ser uma ótima escritora, ou desenhista, ou o que eu quisesse. Eu queria ser jornalista. Hoje a R. é jornalista. Ela dizia que nasci pra ser artista. Hoje eu sou quem eu sempre quis ser.
Eu mesma.



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