sábado, 3 de outubro de 2015

Quebrada


As vezes nos sentimos quebrados por tanto tempo. Quando tudo parece estar perdido. Quando nada mais faz sentido, quando já não há esperança em nada. As vezes nos sentimos quebrados, por que precisamos descobrir que alguém pode nos ajudar a juntar todas as peças que estão fora do lugar, a montar o quebra cabeça de nossas vidas, e nos consertar.
Quanto me senti mais vazia, quando me senti mais incompleta, você roubou todas minhas chances de me manter inerte. Quando você descobriu quem eu era e como me sentia, já não me senti mais sozinha. Sim, você roubou todas minhas chances de ser infeliz, e jogou pra longe de mim.
Percebo que a cada dia que passa, a cada sorriso que recebo, cada piada boba e sem graça, já não pertenço somente a mim. Meus sorrisos são tão teus quanto os teus são meus.
Já não me sinto sozinha.
Já não me sinto sozinha.

Mas o passado vem e assombra, todos os traumas, memórias. Meus pesadelos, e agora?  Já não sei lidar. E amar esse amor tão forte, que me faz tão completa, que chega a transbordar, me deixa perdida, já não sei se nado, ou se me permito afogar.
E eu te peço perdão, enquanto você diz "vai devagar".
E eu te dou minha alma, te dou o meu corpo, te dou o meu tudo, já não sei mais o que posso te doar.
Eu sou estranha, sem sentido, daquelas que dizem "não" quando "sim", daquelas que sorri quando na verdade chora, o choro preso dos que não sabem se expressar, dos que não sabem ser, não por não sentir, mas por amar.

Então me perco, e me mantenho quebrada, não por você não me consertar. Porém o meu medo de doer, de sangrar, as vezes me faz partir, sem nem mesmo tentar...


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Só.


Chega de ser passional.
Chega de ser tão intensa. 
Me sinto cansada de viver como se fosse o último dia.
Cansada de viver
Meus últimos dias

Talvez devesse só ser como meus pais sempre quiseram. Talvez devesse ser tudo isso. Uma casa, uma carreira, algo, alguém e só.

Talvez devesse ser alguém... Só.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Bloqueio


Por anos me mantive bloqueada. Por quatro anos não me permiti sentir absolutamente nada. No início é sempre difícil, por mais que vc não queira, sempre acaba sentindo algo, geralmente mágoa pelo o que aconteceu, depois ódio de si mesma por sentir amor, até que você vai tentando esquecer toda a sensação que esses sentimentos tem sobre o seu corpo. É, é isso, é a parte mais difícil.
Geralmente você começa bloqueando o que sente só por uma pessoa, com o tempo, sem nem mesmo perceber começa a bloquear as demais. É complicado. Depois de um tempo percebi que estava me bloqueando até pras pessoas mais próximas, como pai, mãe, irmãos. É duro, e dói. Mas dor é sentimento, então me permitir esquecer isso também.
Dizem que artistas são pessoas problemáticas, que eles são intensos, impulsivos... Ser assim, sentir demais é como enfiar uma faca em si mesmo. Sentir qualquer coisa, principalmente amor, dói. Deve ser por isso que ninguém gosta de dizer que ama. Pessoas românticas são vítimas de sua própria essência. Já cansei de ser meu próprio carrasco. É difícil, é sempre difícil, ter que escolher entre sentir e se bloquear. Durante os anos que me mantive bloqueada não produzi absolutamente nada, nenhuma música, nenhum quadro, nenhuma poesia, nada. Mas foram os anos em que tive paz, por que eu estava tão vazia, que me fiz acreditar que essa quietude só poderia ser paz.
Era um silêncio amargo em meu peito, uma ilusão cabida, necessária.
Ao me desbloquear eu voltei a cair nos mesmos erros de todo romântico. Sair de um bloqueio desses pode ser tão traumático quanto o parto é para um bebê que sente o ar em seus pulmões pela primeira vez. Sofri novamente, chorei novamente, cai novamente...
E lá estava eu mais uma vez sentindo aquele turbilhão, aquele fogo me queimando, aquela dor.
Já não sei se consigo continuar assim, por que não tenho mais controle nenhum sobre o que estou sentindo. Pensei que tivesse, mas não tenho. Quando menos esperei já estava completamente mergulhada, submersa. Não consigo mais controlar. E amor, por vezes dói.
Preciso me desconectar, só mais essa vez... Pra sempre...


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Ela não sabia amar


Ela não sabia amar, nem se poderia amar.
Pensava somente em si mesma, passava dias e noites escrevendo sobre algo que desconhecia, fantasiando tudo aquilo que lemos nos contos de fadas e que no fim das contas só serve para quebrarmos a cara. Lia montanhas de livros tentando entender o que não sentia, e compreender o porquê de relacionarem tal sentimento com dor! Por que pessoas dizem matar por amor? Por que algo que traduzem como “divino” as fazem chorar?
No fundo ela só queria sentir... mas não sentia.
Passava horas olhando para o teto, em busca de respostas, mas nenhuma caia do céu em seus braços. Tentava achar lógica para o que não existia razão, e equacionar a emoção.
Beijava bocas, sentia curvas, se deliciava com vários gostos, e nenhum realmente a fazia sentir.
Ela tinha medo, temor do que desconhecia, ou talvez já tivesse conhecido, porém... esquecido.
Se protegia atrás de uma máscara, uma névoa ao seu redor, impenetrável. E quando percebia que estava em perigo, Ela simplesmente fingia que nada podia a tocar.
Ela não era tão egocêntrica, nem egoísta como em seus auto-retratos, muito menos tão fria e gélida. Na verdade existia um coração ardendo por trás de palavras tão técnicas e piadas sem nexo. Existia alguém com todas as perguntas respondidas, mas que as escondeu em algum lugar, para Ela mesma não achar.
Na verdade... Ela amava demais!


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Caminhando entre brasas


Nada me basta, nada, absolutamente nada me completa.
Nenhum lugar me pertence, como se minha alma fosse livre, que de tão livre se sente presa nas amarras da vida. Como se o mundo fosse tão pequeno, como se nenhum lugar ou alguém pudesse me completar. Então sigo assim, perdida, acreditando que posso me encontrar em cada boca que beijo, em cada olhar, em cada mão que possa percorrer meu corpo.
Mas não.
Busco sentido no óbvio? Pq eu mesma não tenho sentido, não tenho significado. Talvez por não saber a própria significância de minha existência, tenho a necessidade sufocante de ler cada pessoa em suas entrelinhas. É desesperador conseguir compreender os outros e não conseguir compreender a si mesma. Uma dádiva ou um fardo? Talvez não tenha uma resposta para isso.
Já não me escondo como antes
Já não me importo como antes.
Mas ainda sim há algo em mim, como um chama que não me deixa congelar, algo que me diz para seguir adiante, sem olhar pra atrás e nunca desistir. Meu otimismo me mantem sã, enquanto minhas esperanças são afogadas em cada gole de cerveja.
Me abraço a inebriante mentira de que não preciso de ninguém, buscando ser lúcida nos não tão raros momentos de embriaguez. 
E nesse ciclo, continuo caminhando entre brasas, que já não me queimam mais...




quarta-feira, 29 de julho de 2015

Boba


Acabei de me dar conta que não tem mais volta.
Não sou o tipo de pessoa que me permito gostar de pessoas muito diferentes de mim. Gosto de ter confiança de onde irei pisar, ou pelo menos me enganar quanto a isso. O fato é que eu não me permito sair da minha zona de conforto.
Mas sem querer, acabei me deixando levar por alguém tão diferente de mim, parecendo avessa, parecendo distante, porém, tão perto, como aquele olhar em que vi no bar, com o toque suave de tua pele na minha, como a maciez de teu beijo.
E no momento em que meus dedos caminharam por teu corpo, por teus cabelos, alvos e longos. No momento que ouvi sua voz suavemente rouca nos meus ouvidos, permiti, mesmo que sem querer, me perder em sua complexidade.
Não sei quem você é de verdade, mas desconfio, desconfio que seu coração seja tão profundo quanto seu olhar, que sua alma seja tão intensa quanto sua voz. Desconfio, somente desconfio. Mas quem sou eu para descobrir se minha hipótese é verdadeira? Não sou ninguém, ou talvez seja...
Queria poder te mostrar quem eu sou, talvez assim você não precisasse se esconder atrás de suas frases prontas, mas que me fazem sorrir como uma boba. Você faz me sentir bem, com você meu sorriso é frouxo, espontâneo, real, não sei explicar. Quando você me olha me sinto nua, como se a todo momento você me decifrasse, principalmente quando você me olha nos olhos, profundamente.
Gosto de você, não sei se é paixão, não sei, mas talvez você nunca vá saber, apesar de eu já te dedicar frases tão bobas que me fazem ficar vermelha antes mesmo de digitar.
Você me deixa boba entre suas piadas, entre suas desconversas, você me faz criança, e me faz humana, não sei o que é, mas você faz melhor, sem nem mesmo saber. Me faz querer pintar, querer compor, querer te dedicar todas as minhas formas de me expressar. Me faz querer você... intensamente!


Cansaço


Ando tão cansada.
Chega uma hora que cansa se proteger. Cansa ter de ficar do lado de cá desse muro.
Me escondo. Me escondo atrás de piadas de mal gosto, atrás de goles de cerveja, não que não goste de beber. Aliás, quando bebo ainda tenho coragem de ser eu, de falar minhas verdades, por que você sabe, bêbados falam verdades, mas estão bêbados. Acabamos por ter licença poética.
Pensava eu que minha vida estava certa, mas aí a roda da fortuna gira, e o que tínhamos já não nos pertence mais. E eu que já não tinha medo de mostrar quem era, me recolho a ser somente Alguém.
E estou cansada.
Cansada de ser somente Alguém.
Não quero me proteger, não quero sentir medo, não quero ficar do lado de cá do muro. Quero ser eu mesma, quero sentir, mesmo que doa. Quero sorrir, mesmo que depois chore. Quero gritar! Quero morrer... e viver...viver...viver...



terça-feira, 9 de junho de 2015

Chegará o dia...

Chegará o dia em que nossos corações já não sentirão dor.
Chegará o dia onde saberemos cada um de nossos erros.
Chagará o dia em que olharemos nossos reflexos e saberemos quem realmente somos.
Chegará o dia que perceberemos que sentir medo faz parte da vida, e cabe a nós enfrenta-lo.
Chegará o dia onde nossas costas sentirão o peso de nossas escolhas.
Chegará o dia que em nossas mãos poderemos ver as marcas do tempo.
Chegará o dia em que olharemos para trás com pesar.
Chegará o dia em que nos arrependeremos de não tentar.
Chegará o dia em que lembraremos de "nós"
Chegará o dia em que sentiremos saudade
Chegará o dia que nos perguntaremos se realmente tivemos liberdade
Chegará o dia que sonharemos juntas, mesmo distante.
Chegará o dia que nossas almas se encontrarão
Chegará o dia que aprenderemos o verdadeiro significado da palavra "Perdão"
Chegará o dia que poderemos nos reencontrar.
Chegará o dia que finalmente seremos felizes,
Sem medo de amar.

Por toda a eternidade.


para V.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Derrama



Amor não devia doer. Mas dói.

Por que amar outra pessoa dói tanto?

Quando eu a conheci já não acreditava que poderia amar novamente. Aliás, são anos de paixões e amores frustrados. Anos amando demais.


Meus pais sempre me ensinaram a amar, mas não aquele amor raso e superficial, meus pais são pessoas profundas, daquelas que de tão profundas chegam a transbordar. E transbordam, amor, bondade, compaixão. Foi assim que fui criada. Falando "Eu te amo" todos os dias. Atualmente ninguém costuma falar tanto essa curta e maravilhosa frase, e antes de conhece-la, há muito já não falava.


Desde que saí da casa de meus pais percebi que fui perdendo o que havia de melhor em mim, fui me tornando alguém que mesmo de longe, jamais gostaria de ser. A vida nos transforma, infelizmente ela me conheceu em um momento difícil, no momento onde eu menos era eu, no momento onde a vida mais tirou eu de mim mesma e deixou somente uma sombra tênue do que um dia fui e de que me orgulhara de ser.


Até os 25 anos eu tinha tudo. Nunca fui rica, mas nada me faltou. Escolhi sair da casa de meus pais por acreditar ser mimada demais, sou filha caçula, sim, era mimada. Escolhi aprender a crescer de verdade e sabia que não faria isso morando com eles. Ainda lembro da conversa que tive com meu pai e disse que precisava crescer, e essa era uma lição que teria que aprender sozinha. Foi assim que mudei de estado, tudo o que tinha eram 200 reais no bolso, mas consegui me virar. Nunca foi fácil, talvez nunca será.

Com o passar do tempo e várias sessões de terapia para tentar suportar as dificuldades, percebi que ao contrário do que eu tinha aprendido minha vida toda, a grande maioria das pessoas eram rasas demais e infelizmente elas não podiam mergulhar tão fundo em pessoas profundas. Naquele momento eu transbordava. Como sempre transbordei.

Quando conheci ela pensei ter encontrado alguém tão profunda quanto eu. Mas não. Algumas pessoas não enxergam além das outras, se prendem a coisas superficiais. naquele momento em que você acha que ela está olhando no fundo de seus olhos, ela está somente tentando enxergar o seu próprio reflexo.

Isso dói.

Quando a conheci, mesmo não sendo quem eu queria ser ou quem eu era, voltei a dizer "Eu te amo" todos os dias, por que apesar de ter medo, amar ela era a coisa mais maravilhosa que tinha me acontecido.

Não sei por que estou escrevendo esse texto, talvez por que, além de meus olhos, minha alma continua transbordando. Mesmo que ela vá me fazer falta, por um segundo ou pela eternidade, eu vou continuar transbordando.

Talvez pessoas rasas jamais poderão entender. Mas pessoas profundas quando amam, transbordam, que chega a derramar!



Não Vale A Pena
Maria Rita


Tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício
Ossos do ofício
Pagar pra ver o invisível
E depois enxergar
Mas você não vale a pena
Não vale uma fisgada dessa dor

Não cabe como rima de um poema
De tão pequeno
Mas vai e vem e envenena
E me condena ao rancor
De repente, cai o nível
E eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo
Como num disco riscado
O velho texto batido
Dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos
E o terror de ser deixada
Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida
E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer
Mas você não vale a pena
Ficou difícil
Que é uma pena
Que é uma pena