domingo, 12 de dezembro de 2010

Sobre reflexos no espelho



Um pouco mais de um ano. Esse é o tempo necessário para se mudar toda uma vida. Enquanto há um ano era apenas uma adolescente irresponsável, agora é uma mulher com faturas em seu nome, responsabilidades, emprego. Há um ano estava perdidamente apaixonada, e tudo parecia perfeito, quando na verdade estava apenas inacabado, e quando tudo parecia completo, faltavam partes extremamente necessárias dentro do seu peito. Naquela época dinheiro não era problema, alias, a falta dele não era, sair com dez reais no bolso, beber, dançar, e voltar porre para casa pra dormir abraçada com quem se amava. Era isso. Uma ilusão, uma história bem contada para si mesmo. É que naquela época só se enxergava o que se queria ver. E aquela dependência crescia como câncer, até que... até que explodiu e a morte chegou, como aquele primeiro beijo, nosso primeiro beijo, que eu nunca esquecerei.
Não, essa não é uma memória póstuma, só quem morreu foi aquela adolescente, morreu pra nascer uma mulher, é que olhando para trás percebo como foi bom tudo isso, todas as lágrimas derramadas por alguém que no final, talvez nunca tenha existido de fato como era na minha cabeça, e agora, sozinha, mesmo que a solidão insista em segurar minha mão enquanto percorro meu caminho, é fato, eu precisava disso, precisava aprender a viver por mim. Por que nem sempre ser altruísta demais faz bem, é que deixar o ego de lado acaba por não nos satisfazer, afinal somos humanos, Eu sou humana! Eu choro, eu sangro, eu morro, e morrer faz parte, parte de um ciclo infindável. É como se pôr entre dois espelhos e ao olhar o seu próprio reflexo, percebe-se que não temos fim.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"Diva"



É que sempre ao apagar o cigarro com a ponta de seu salto já gasto, ela imaginava que tudo poderia ter sido diferente. Mas a realidade era cruel, quase que doentia.
Todos os dias ao acordar, contava os pelas barbas... No fundo ela gostava, sim, gostava, por que seu ego era enorme, e o bolso deles também. Ela era diferente, não era o estereótipo em pessoa, nem se achava “puta” nem “decadente”, na verdade ela uma diva, dona de homens importantes, e de mulheres discretas. Tinha um belo apartamento no centro da cidade, fazia faculdade de um curso cheio de meninas “parecidas” com ela. Mas ela sabia, Ela era a melhor!
Constantemente recebia flores, caixa dos melhores bombons, sabe, daqueles caros e importados com recheio de licor de não sei o quê que rico gosta, bebia vinhos franceses e freqüentava restaurantes e hotéis de luxo. Dirigia um carro do ano, e não se preocupava com as contas, eram todas muito bem pagas.
A noite tinha chegado, seu celular tinha tocado diversas vezes, mas ela já tinha algo marcado. Tinha que estar exatamente as vinte e duas horas na suíte máster do único hotel cinco estrelas daquela enorme cidade provinciana. Ela chegou dez minutos antes, pegou a chave do quarto e subiu, a vista era bastante bonita, ela já a conhecia, então não se importou. Sobre a cama tinha um bilhete, com letras manuscritas, parecia instruções.

“No banheiro irás encontrar um caixa, nela há sais de banho, uma toalha, e um lenço preto.
Prepare um banho com os sais. Não me espere. Enxugue-se com a toalha.
Deixe as luzes fracas.
Nua. Vá até a cama e deite-se e vende seus olhos.
p.s. Há dois cheques na caixa, como combinado. São seus, guarde-os.”

Outra mulher poderia achar que estava lhe dando com um louco, mas depois de ter se vestido até de mulher maravilha para satisfazer o desejo alheio, aquilo não pareceu nada demais. Excêntrico. Mas nada demais.
Seguiu as instruções a risca, guardou os cheques em sua bolsa e fez o resto que estava escrito no bilhete. Vinte minutos depois ouviu alguém entrando no quarto. Sentiu o toque suave de dedos por sua perna, que delicadamente as abriu. Sentiu seu corpo arrepiar, parecia ter milhares e volts passeando sobre sua pele, que suava e sentia como nunca havia sentido, que, que...
Depois. Nenhuma palavra.
“Você ainda está ai?”
Nenhuma resposta.
Olhou por de baixo da venda, ele estava no banheiro. Mas só viu sua sombra. Ouviu um barulho e ajeitou a venda novamente sobre os olhos. Ouviu passos, mas ainda nenhuma palavra, nenhuma respiração. Meia, uma hora, e não ouvia mais nada, até que... seu celular toca, ela tira a venda. Mas um cliente na outra linha. E mais um bilhete sobre a cama.

                                                                      

Nada escrito.
Ela tinha tudo, ela brincava com o mundo, sorria pra tudo, por que achava ter tudo nas mãos, contava as barbas por que eram apenas seus objetos. Nunca havia se apaixonado... Até aquela noite. 

As vezes nos cegamos por puro comodismo, é mais fácil caminhar sem saber a direção, mas quando encontramos o caminho certo enquanto estamos cegos, fica difícil reconhecer o que está bem atrás de nós.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

2.0



Visto que as relações sociais estão cada vez mais virando "relações digitais", estava eu pensando se isso nos torna cada vez mais seres patéticamente acomodados. Parando para analizar, e fazendo uma ponte com a trilogia de filmes Matrix, que é altamente inteligente (isso se você costuma ler algo além dos tweets), nos introduz à uma realidade forçada, imposta por nós mesmos, por nossa preguiça e falta de bom senso. Segundo a história contada no filme, passavamos por uma espécie de frenesi coletivo, nos glorificando por toda tecnologia que criamos, e por todas as coisas "banais" que não precisávamos mais fazer, e assim, criamos os andróides "a nossa própria imagem e semelhança", soa até irônico não é?
Conheço pessoas que ficam conectadas mais de 10 horas por dia, aliás, eu sou uma delas, é que além de trabalhar com internet e tecnologia, eu moro longe, então não sobra muito tempo para estar presente nas rodinhas de amigos, faço isso através do Twitter, é lá que passo a maior parte do tempo expelindo opinião, e como uma boa geek, falando sobre nerdices e coisas legais, como star wars, brushes de photoshop, ou sobre uma nova tipografia que criaram. O twitter é uma ferramenta extremamente peculiar, algo que foi criado para melhorar a interação/comunicação dos funcionários de uma empresa, hoje é instrumento de teses de mestrado, dada a sua funcionalidade sócio informacional.
Pude acompanhar a evolução do mundo digital desde meados de 1997, quando descobri uma ferramente chamada internet, naquela época, pouquissimais pessoas tinham computadores em casa com acesso a rede, pra fazer download de uma música ou uma foto que alguém lhe mandava através de seu "Zipmail" ou "ICQ" demorava uma eternidade de algumas horas, não existia msn, hotmail, orkut, facebook, e as poucas salas de bate papo eram habitadas por "gatinhamanhosa_24" ou "rapazcarente_18cm", isso não era muito legal! Principalmente para uma garota de 12 anos recém completos. Porém foram bons tempos de "quer tc?"
Agora, cada vez mais estamos conectados, praticamente tem um computador em cada lar, e em alguns tem até mais, bendita conexão wireless, que fez eu, papai e o meu irmão parar de brigar por causa de internet, cada um tem o seu pc, todo mundo feliz, mas não para por ai. Estamos na era da rede via celular. Então
dificilmente iremos nos desconectar. E sabe qual é o nosso futuro?
Pois é... nem eu... só espero que não nos transformemos em sedentários Obesos, que não andam e se locomovem com cadeiras flutuantes como no filme Wall.e... Quer dizer... Pra isso só falta as cadeiras flutuantes...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

20.1.0

Quero um lugar
Quero fugir
Eu quero estar, mas não tão longe daqui.
Quero somente ler um livro bom
E simplesmente descansar
minhas pernas fracas
minha mente gasta.

E se eu pudesse deitar
Minha cabeça no seu ombro
Você poderia me entender?
Você poderia me convencer?
Não me leve a mal
Eu só quero deitar no colo
quero sentir todos os sonhos
vivos dentro de mim.

E agora que posso ser o que quiser
E enfrentar o que vier
Eu quero então dormir
E acordar
Sem me sentir
Sozinha.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

É que não sei mais
E se mais nada sei
Saber se torna dúvida
E essa dúvida me dá certeza

Novos caminhos, traçados e delineados
pela ponta de meus lápis
pela ponta dos meus dedos

Pela tinta que escorrega
Por essa lâmina cega

domingo, 17 de outubro de 2010

Três pontos... final.

E assim acaba a história...
É assim... Sem ponto final, que demos um final para nós.
Prolongamos o infinito, e com mais duas gotas de tinta, deixamos o futuro em aberto.

Três pontos...ponto!


Não pode ser apenas bondade, na verdade percebo que agora te compreendo mais do que nunca, mas do que nunca pensei entender. E me pergunto, se por trás de suas dúvidas, existe alguma certeza que negue para sim mesma. Se estou inclusa. Não, não é questão de querer, é questão de sentir. E eu sinto...
Mas como posso te dizer? Talvez eu nunca tenha te falado, o que estava errado. Esteve errado desde o começo. Aconteceu a coisa certa, no momento errado. E como o Destino, cego, eu permaneço...
Esperando o nosso momento certo.
Ou um ponto final...

Ponto.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Quando nos perdemos...


Ultimamente estou em uma onda meio nostálgica, na verdade estou tentando reencontrar o meu antigo eu, que por sinal eu adorava, era absurdamente diferente do que sou hoje, além de que meu humor era muito melhor, não tinha tantas responsabilidades e nem tinha com o que me preocupar, passava horas pintando e conseguia relaxar de tal maneira que não consigo atualmente. Naquela época o tempo parecia passar tão devagar, meus finais de semana eram longos, pela manhã assistia desenho, de tarde ia para o fliperama jogar e a noite conversava na porta de casa com os vizinhos. Nossa! Hoje é um perigo ficar na porta de casa, dê bobeira e o dono vem pra levar tudo o que você tem. Triste, muito triste.
Observando que há muito tempo já não sou quem eu amava ser, resolvi que iria me reencontrar entre os engarrafamentos ao ir para o trabalho e entre as horas que voam sem deixar resquícios de sua passagem. Decidi que deveria voltar no tempo em minhas lembranças e trazer a tona o que há muito tinha esquecido... Saudade das manchas de tinta nas minhas mãos, das cores que me pintavam, que me davam vida. É estranhamente engraçado como nos tornamos cinzas, como os prédios de concreto, quando chegamos a idade adulta, e como se já não bastasse perdemos nosso calor interno e expelimos alguém frio e oportunista... E no espelho, outro reflexo, não é mais você. Sorry!
Foi assim, me olhando no espelho, e lendo algumas agendas antigas, que me deparei com a realidade... Tinha me tornado um robô! Minhas peças foram gradativamente colocadas com o passar dos anos, e prestes a fazer 24 primaveras, verões, outonos e invernos, queria me libertar. O sentido de liberdade muda, vou logo avisando! Ter dinheiro e poder sair à noite não é liberdade se você não for liberto mentalmente. E eu estou presa, ainda, sim, presa aos erros que cometi achando que estava acertando, vestida de orgulho e prepotência, um ego enorme e alguns trocados no bolso.
Às vezes tento analisar a sociedade, e eu que sempre quis ser diferente, acabei me tornando apenas mais uma... Todos temos escolhas, eu tenho duas, me acomodar, permanecer intacta, cinza, ou me pintar novamente, e viver novamente e sonhar novamente. A melhor oportunidade... é a mudança.

sábado, 25 de setembro de 2010

She's lost control... again!

"Não nasci para o amor, nasci para os negócios." De uns tempos pra cá, ando repetindo essa frase com bastante frequência. Não sou uma pessoa que mente, abomino essa prática, na verdade sou extremamente sincera, quando tenho algo pra falar eu falo, algumas vezes omito, por que tudo tem o seu momento certo para ser dito. Odeio perder o controle sobre mim mesma, eu gosto de ter o controle, gosto de pensar antes de agir, mesmo que minha impulsividade me tire da reta. E quando perco o controle sobre mim, depois de 6 doses de tequila, acabo sendo sincera demais. Não sei até que ponto isso é um defeito ou uma qualidade minha.
Sempre fui a nerd na escola, sentava na frente, uso óculos desde os 6 anos de idade, prestava atenção na aula por que nunca gostei de estudar em casa, comecei a escrever por que queria ser escritora, pensava que talvez assim, as pessoas como eu poderiam me ler, e assim eu seria "ouvida". Sofri bullying muitas e muitas vezes. Era o patinho feio, a estranha que ficava lendo na hora do recreio, que escrevia poesia, que desenhava e adorava astronomia, que queria ser Jedi.
Passei 8 anos da minha adolescência tomando remédio, contrai um úlcera por conta disso, eu tinha  uma doença que fazia eu perder a melanina da minha pele, ela parecia que tinha sido queimada quando eu ia pro sol, fiz exame pra ver se era vitiligo, hanseniase, nunca nenhum médico descobriu o que era, só o que sei é que eu não podia pegar sol, não saía sem roupas de manga comprida e se calça, aprendi a ter vergonha do meu corpo, de mim, por que as pessoas me olhavam torto, eu era uma aberração. Lembro que as pessoas perguntavam pra minha melhor amiga no colégio, por que ela andava comigo, já que ela era linda. Eu queria ser jornalista, hoje ela é jornalista por causa de mim, e nem sei por onde ela anda, só sei que se formou na Universidade Federal. E o meu melhor amigo, que me protegia quando me apontavam, que me ouvia, que me entendia, faleceu quando a gente estava no 3º ano do ensino médio. Eu não falo pra ninguém, mas eu sinto tanta falta dele, enterrei um pedaço de mim naquele mês de agosto.
Fatalmente, perco as pessoas que amo. 
Esse ano perdi meus tios mais próximos, e a pessoa que mais amei até hoje, ainda a amo, minto pra mim dizendo que não, mas ainda a amo do mesmo jeito que amava quando percebi que a amava, o mais engraçado, é que eu sempre corri atrás das pessoas, e dela não, isso me frustra. Por que eu me arrependo e fico me punindo por não ter feito como antes e ter deixado o orgulho me subir a cabeça. Não a vejo há 5 meses, 10 dias e 5 horas, não tinha contato algum fazia 2 meses e hoje eu liguei, por que eu não lembrava mais da voz dela, e mesmo que tentasse lembrar não conseguia, eu liguei só pra ouvir a voz dela, ela já está com outra, já deve amar a outra. Sei que meus amigos vão ler isso e dizer que estou sendo fraca, mas o que é ser fraca? Fui fraca por não ter seguido meus instintos, por ter a deixado escapar. "Ela é cheia de defeitos" me diziam, mas eu também sou. Sou egoísta.
E consequentemente isso me isola.
Talvez eu volte a ser uma aberração. Estou desabafando, por que talvez minha doença tenha voltado, e sinto que no fundo eu ainda sou aquela menininha nerd, pronta pra sofrer o próximo bullying.
Ontem eu perdi o controle.
Magoei e fui magoada. Sheakespeare dizia que não é por estar com raiva que temos o direito de ser cruel com os outros. Me desculpe pela sinceridade.
Na verdade somente tive certeza de que nunca perdi o controle, por que nunca o tive.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Cartazes Minimalistas do Círio de Nazaré

Um dos meus estilos favoritos é o Minimalismo. Logo resolvi homenagear ao meu modo... espero que gostem! xD

Cartaz da Doxa em Homenagem ao Círio de Nazaré

Cartaz criado, ilustrado e finalizado por mim, com redação da publicitária Moara Brasil, em homenagem ao Círio, da Doxa Pesquisa e Comunicação, agência onde trabalho.

Clica ai e fica por dentro do que tem de novo na Comunicação aqui no estado do Pará.
http://blog.doxacomunicacao.com/

sábado, 18 de setembro de 2010

No boteco ao lado... Studio Pub


 Quase que toda semana escuto a frase: "Rê, me diz um lugar legal pra eu ir ai!", pois é, não é de se admirar, alias, eu vivo na rua, vivo indo em locais novos e gosto de frequentar bons lugares, e olha que tem botecos "copos sujos" que eu super recomendo, que de copo sujo mesmo só tem o título, por que as vezes dá de 10x0 em bares mais sofisticados.


Essa semana tive a oportunidade de conhecer o Studio Pub, meus queridos do Mostarda na Lagarta me chamaram para bater umas fotos e lá fui eu. Nunca tinha ido, embora já tivesse ouvido muitas críticas boas do local, bem... Não me decepcionei, pelo contrário irei voltar lá com certeza.O ambiente é super agradável, o pub é dividido em quatro ambientes super gostosos, o primeiro é uma varanda que dá para a rua, ao ar livre, o segundo é o bar, onde tem mesas para se bater um bom papo e quem sabe ganhar a garota dos seus sonhos, super bem decorado com quadros de artistas super especiais, como dos nossos garotos de Liverpool, também tem tvs de LCD para vc acompanhar os videos. Já o terceiro ambiente é onde fica o palco, um lugar super espaçoso, iluminação e acustica excelente, e em cima se encontra um camarote lindooo!Bem... eu não pude beber, por que alias eu estava "trabalhando" e minha gastrite tava gritante, mas para os amantes de uma boa cerveja, lá vc bebe uma das minhas favoritas, Heineken aos litros.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Nada mais que amor...

Nada mais que amor
Sou
Nada mais que o amor
E nada mais que lembranças
Mas nada que vingança
Talvez tarde à chegar
Retarde ao passar
Quem vem e não volta
Que vai lá
Que trás a revolta
Contente ao gritar
Quem ama não nota
Que a vida derrota
Nossos sonhos
Com pesar.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Íris




Rios de egoísmo. Tornados elevando o vento da discórdia, e o que passa por sua vida não é nada mais do que águas negras de dor e sofrimento, e assim escorrendo vagarosamente, gota por gota de suas lágrimas, juntam-se ao suor maçante da frustração. Olhar nos olhos e ver o que não consegue enxergar, na verdade é como fechá-los, e ela sente isso, fechados para dentro e para fora. - Então é assim que se fica cega?
- É assim!
Poucos conseguem vê-la, e quase inexistentes os que conseguem enxergá-la, e a alma que nasceu gêmea ainda não a encontrou para entendê-la, será que alguém pode decifrá-la? É improvável, é desesperador, por que olhá-la assim, sem sonhos, é como vê-la deitada em uma caixa de madeira prestes a ser esquecida em um buraco qualquer. – Quer dizer que sem sonhos ninguém vive?
- Se não há sonhos, é por que na verdade não acordamos. Estamos em um pesadelo constante.
De tanto sofrer, de tanto chorar e gritar, ela resolveu se calar dentro de si, construiu um muro, virou um castelo, onde prendeu todos os seus contos de fadas em masmorras fétidas, alguns dizem que mandou decapitar as próprias fadas que insistiam em lhes contar tais histórias. Outros teimam em dizer que ela na verdade apenas se cobre com um lençol translúcido, e fica em posição fetal sobre a cama.
É assim que a loucura beira o ódio e o mesmo beija sua face, que entre tantas faces se mostra incapaz de tolerar a si mesmo. Como palhaço que pinta lágrimas no rosto para fazer os outros sorrirem como bobos de sua própria desgraça. Como se decadência provocasse em nós a sensação de êxtase que não encontramos ao abrir nossas pernas em noites pseudo-excitantes.  
Suas pegadas vão apagando à medida que a umidade de seus pés é devorada pela sensação infernal do “tempo”. Em um estado de amnésia reversa, tira do baú o que um dia vestiu, e percebe que nada mais cabe, restando apenas o tecido envelhecido que as traças insistem em tornar “alimento”, assim como um dia nossos próprios corpos se tornarão...
E é assim que eu me monto, peça por peça, perdida em meus próprios olhos.
-Me sinto em uma trama interminável, uma ligação doentia entre eu e o espelho do meu quarto!


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mancha


Amar um amor, é, creio que seja exatamente isso o que a maioria de nós fazemos, em vez de amar a pessoa, simplesmente amamos a sensação de estar amando.
Não me leve a mal, mas é isso, somos seres implacáveis, egoistas e hipócritas, mentimos descaradamente para nós mesmos. Mas confesso que ser sincera está me matando, queria poder voltar a mentir... E mais... Gostaria de acreditar cegamente em minha mentira.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Entre suas pernas




Queria fugir entre suas pernas
Queria te sentir uma única vez
Na tua boca me afogar, deveras
Gostaria de te ter

Nos teus seios passear, minhas mãos
Acarinhar seu rosto
E se a resposta for um “não”
Não ligo, tentarei de novo.

Não é carne, somente massa vermelha a escorrer
Nem só luxúria que por dentro
As vezes faz arder

É muito mais do que gostar
Talvez pudesse te admirar, mas cá estou
Somente e tão somente a imaginar!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Entre os dedos


Ultimamente minha percepção das coisas tem mudado consideravelmente, não sei se é um fator biológico, envelhecer dói muitas vezes, não que eu esteja sentindo dor pelo corpo, não, ainda não cheguei à “fase da artrite”, mas dói perceber que estamos envelhecendo, o que antes me dava tanto prazer, hoje já não me satisfaz com a mesma eficácia. Percebo o quanto cresci através do que eu escrevia antes, minhas preocupações são outras, é fácil de ver que já é adulto, quando as faturas começam a chegar no seu nome, e não no do seu pai, quando se quer descansar no domingo, por que segunda feira tem que acordar cedo pra ir trabalhar ou quando você percebe no espelho do seu quarto que nada mais é como antes, inclusive a nova ruga que apareceu em sua testa!


Eu demorei a crescer, fisicamente não cresço desde os 17 eu acho! Mas só fui me tornar adulta de fato agora em 2010. Não é que eu quisesse crescer, acho que no fundo ninguém quer, mas as vezes a vida nos força, já estava na hora da vida me surrar e gritar “Renata! Você precisa reagir!”, eu não tinha nada, só um cartão de crédito e um plano de saúde que meu pai se matava pra pagar. Eu sou a filha caçula, fui mimada, meu irmão costuma dizer que meus pais me estragaram, não nasci para ser dona de casa, não sei cozinhar, passo malmente uma roupa e odeio lavar louça, e isso não é vergonha. Minha mãe me criou para ser “independente”, e meu pai me criou para ser “rainha”, é acho que me estragaram. Nunca precisei trabalhar, sempre tive tudo, mas percebi que era pouco pro tamanho da minha ambição. E resolvi começar a pagar minhas próprias contas.


Não que eu seja ambiciosa a ponto de passar sobre os outros, mas quero dar um futuro bom aos meus pais, da mesma forma que quero ter filhos, só não sei se quero ter com alguém, mas quero tê-los. E isso é engraçado, por que antes eu pensava em casar e ter filhos, não que eu não pense mais, só que agora eu penso de forma mais racional.


Esse ano eu precisei amadurecer, perdi 3 pessoas que eu realmente amava, meu tio e minha tia, que faleceram, me ensinaram tantas coisas durante a vida, e com suas mortes, não foi diferente. E perdi alguém para a vida. É difícil mentir para si mesma, tentar cultivar ódio por alguém, se matar achando que está matando o outro.  Mas com o tempo as coisas começam a ficar dormentes. Mas talvez, sem essas perdas, eu não estivesse onde estou agora. Talvez não tivesse tido forças para reagir, para ser adulta.


Hoje entendo meus pais muito mais do que entendia ontem.


Crescer dói, por que o tempo passa mais depressa, por que um dia perdido pesa no final. E quanto mais perdemos nosso tempo cultivando sonhos perfeitos, os imperfeitos fogem de nossas mãos, assim... Como água entre os dedos.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Or... maybe not



Me sinto muito bem tendo o controle sobre mim mesma. Mas confesso que é extremamente difícil crescer. Sou adulta. Isso me dá medo. Hoje eu posso chegar tarde, posso dormir fora, posso comprar bebidas, posso entrar em qualquer boteco. Porém também preciso assumir os meus atos. Não é tão fácil fugir deles como há dez anos. Talvez seja por isso que eu me desespere tanto às vezes. O medo.
Eu sinto medo. Por trás da minha capa de adamantium, existe alguém verdadeiramente frágil. No fundo eu ainda não cresci. Posso estar madura, posso ser diferente de seis meses atrás, na verdade de ontem pra cá mudei bastante! Sou um tornado, mudando de direção, indo para onde o vento sopra, me perdendo, onde deveria estar me encontrando, ou talvez já tenha me encontrado. Sou cética. Sou insaciável. Nunca está bom, nunca sou boa o suficiente.
Minha alma é formada por dúvidas, incertezas, mas sempre existe o “talvez”, “ou talvez”, meu irmão disse que ainda não nascemos, que na verdade “só se nasce aos 40”, ainda tenho 16 anos para aprender o suficiente para usar em minha vida, e durante essa “sub-vida” cheia de “poréns” e “por ques” e “talvez” eu me torno apenas uma interrogação fragilizada. Me deixo fundir com minhas palavras vagas e discursos eloqüentes.
Não... minha história não acabou, nem começou, ela está no meio, no meio de tudo. Eu não gostaria de reescrever meu passado, mas estou reescrevendo o meio, por que o final se escreverá sozinho e dessa vez espero não terminar com uma interrogação. Quero poder dizer que fui feliz, que sobrevivi a mim mesma... ou talvez...não... talvez não seja nada disso, talvez isso tudo seja um conto de fadas idealizado por uma romântica. E se você bem sabe, toda vez que tentamos prever o futuro ele muda e desse vez... Talvez eu não queira conhecê-lo... não dessa vez!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Quando é preciso dizer Adeus...

Por trás de toda saudade, que machuca e fere, existem infinitas boas lembranças, que por um segundo se tornam facas afiadas, agulhas pontiagudamente cegas. Por trás de toda dor existe uma força descomunal, que nos faz ser capazes de repensar o que e quem somos. Fé é algo que nos conforta, como abraço de mãe que nunca se perde, as vezes essa tal fé que nos acolhe parece não existir, adormecida ela nos causa desespero, e sem saber o que fazer, acabamos escolhendo o caminho mais fácil. Volto a retomar minha idéia de que facilidade não é sinônimo de sucesso, da mesma forma que sucesso não é o mesmo que felicidade.
Para muitas pessoas, pequenos atos e palavras simples, são penas o que aparentam ser, mas para mim, cada gota de sentimento real é um oceano a ser preservado, e justamente durante anos, deixei que construissem em mim esse imenso mar, alguns naufrágios, nada do que não se pode superar, confesso ter algumas manchas espalhadas a espera de algo ou alguém para me purificar. Por um momento perdi minha fé, me afoguei em meus devaneios.

Alguns raios de sol sempre entrarão pela janela, por mais que a piscina esteja seca, sempre será onde aprendemos a nadar. Ler os jornais de domingo não será mais a mesma coisa sem estar em sua sala, da mesma forma que nada mais será igual, nenhuma festa em familia, nenhum Natal.


Hoje pedi perdão a Deus, hoje deixei que minhas lágrimas não só se despedissem de vocês, mas as deixei se despedir de mim mesma. Hoje sou um pouco mais da mulher que vocês esperavam que eu pudesse ser. Hoje eu não tenho medo de dizer Adeus.




Em memória de Francisco de Assis Alves de Oliveira (+ 24/05/10) e Elizabeth Bezerra de Oliveira (+ 02/08/10)

domingo, 25 de julho de 2010

1 ano de Idéias completamente Vestíveis


1 ano! Em apenas 1 ano o blog Idéias Vestíveis conseguiu se destacar na blogosfera Fashion. Pra quem não conhece, o que acho muito difícil se você for de Belém, a não ser que você esteja trancado dentro do quarto a 1 ano, o blog é uma porta de entrada para o mundo fashionista paraense. Eu não entendo de moda, não faço moda, não sou jornalista especializada, sou apenas uma Designer que AMA moda. Costumo ler muitos blogs de design, e posso incluir a moda no meio, já que somos "primos" senão irmãos. Eu já conhecia o trabalho da dupla desde o início da Marca Quiquiriqui.
Então, para comemorar esse 1 ano de Idéias Vestíveis, Natália e Renan Viana resolveram fazer um ensaio. Utilizaram o que há de melhor das tendências, somaram isso com lindas modelos, uma ótima produção, uma paisagem perfeita e claro... doces deliciosos!

Confira ai em baixo!










Ah! E por que eu sigo o Idéias Vestíveis?
Bem, isso é fácil. Minhas amigas sempre diziam que eu era comum demais, que era que nem desenho animado, abro o guarda roupa e é tudo igual. Mas eu confesso que desde que comecei a ler o blog, que foi nos seus primeiros meses, eu comecei a sentir vontade de fazer parte disso tudo. A moda paraense tem potencial de sobra, infelimente os grandes só passam nossa imagem como aquela do carimbó e ver-o-peso, o Idéias Vestíveis veio mostrar que podemos ser absurdamente autenticos e modernos sem perder nossa identidade.


Gostaram né? E tem muito mais no Blog
http://ideiasvestiveis.blogspot.com/