domingo, 25 de novembro de 2012

Exatamente nada


Creio que as vezes me perco em minhas próprias tentativas de encontrar respostas. Talvez todo mundo seja assim também. Desde que me mudei para o Rio de Janeiro, sinto que travo uma batalha diária comigo mesma, uma sede de se provar, não à alguém, mas a mim mesma. Sentir que é capaz, mas ainda sim perceber que algo a segura, não sei o que é, mas sinto e isso me frustra.
Sempre fui a pessoa que desistia de algo que queria muito. Assim foi com as aulas de música aos oito anos, com o basquete aos treze, com o inglês aos quinze, da banda aos 23... Acho que a única coisa de que nunca desisti foi da minha profissão, justamente quando todos falavam para eu deveria fazer outra coisa. Também nunca desisti da minha moral, o que eu chamo de moral? Meus valores como pessoa.
E as vezes, durante o curso de nossas vidas, somos absurdamente tentados a desistir dela. Tive uma criação baseada no respeito mútuo, nunca tive uma relação de medo com meus pais, mas de amor e admiração, me ensinaram que só devemos fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem com a gente. É assim que enxergo o mundo, como um ciclo infindável, ação e reação. Pura física.
Mas aí você sai da sua redoma de vidro quase imperceptível. Você começa a sofrer um choque moral. Não é o mundo que é cruel, somos nós que tornamos ele assim. Aí em momento de desespero, depois de levar tanta "surra", nos achamos quase no direito de nos defender atacando. E um dia isso volta. A minha briga nunca foi com ninguém. Mas comigo mesma. Talvez vocês ainda não tenham passado por tudo isso. Vocês tem consciência do quanto difícil é crescer, se manter são e coerente consigo mesmo?
Lutar contra outros é fácil, se vira a cara, dá as costas e vai embora. Dorme. Esquece. Lutar contra si é olhar em seus olhos e saber que há algo de errado, é deitar a cabeça no travesseiro e não ter paz. Creio quem nem todo mundo tenha consciência de si mesmo, não estou falando que sou a pessoa mais consciente do mundo, ou certa, ou sã. Já desisti de tantas coisas, por que não desistir de mim mesma? Por que querer continuar indo contra o fluxo, contra o "mundo"?
Amadurecer é difícil. Por que quando amadurecemos, percebemos que não temos responsabilidade só conosco, mas com cada pessoa que nossas ações possam eventualmente atingir, de forma boa ou ruim. Esse ano posso dizer que foi um ano de aprendizado intensivo. Aprendi que por mais que me virem a cara nos momentos difíceis, ainda terei com quem contar. Eu nunca estive sozinha (e nem você está!). Há coisas de que me arrependi, tentei consertar, mas também aprendi que as vezes a melhor solução é o tempo. Desculpe se cometi erros, mesmo que tentando acertar. Aprendi que as vezes quem a gente menos espera é quem nos ajuda a levantar e que nos sentimos seguros demais, porém quando menos esperamos aquele tapete que protegia nossos pés do frio da lajota, desaparece.
Desistir? Não de mim. Hoje, mais do que ontem, sei exatamente quem sou, não crio falsas expectativas quanto a mim mesma, mas sei exatamente onde posso chegar. Quase um ano depois, entre boas lembranças e arrependimentos. Não mudaria exatamente nada.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Mister T

Nunca falei do meu cotidiano né? Quer dizer, quem lê esse blog com tanta frequência quanto escrevo vai se perguntar "Ué? Nunca falou do cotidiano?". Na verdade não. Acho que muitos de vocês me conhecem mais por dentro do que por fora. É, isso ficou ambíguo, mas vamos deixar assim mesmo. Vocês conhecem mais o que penso do quê o que faço, e isso é bastante compreensível.
Depois de acordar, escovar os dentes tomar banho pentear os cabelos tomar café abrir a porta de casa fechar a porta de casa caminhar até o metrô ir em pé até o centro do Rio de Janeiro caminhar até o prédio da agência subir o elevador dizer "Bom dia!" ao abrir a porta ligar o computador e... ufa! Depois disso tudo, costumo ler alguns sites e blogs que acho interessante, antes de começar um dia de trabalho ultra hard punk. O assunto que está super em alta, tirando o Nana Gouvêa e gatinhos fofos, é a tal da "Geração T". "Mas, Ô Renata! O que diabos é a geração T?". Resumindo, é a nomenclatura usada para designar um novo padrão comportamental, onde essas pessoas são apenas "testemunhas", passivas e sem senso crítico. Salve o retweet e o compartilhamento!
Durante as últimas semanas li alguns artigos sobre essas tantas gerações que estão aí, de fato, essa modinha de falar sobre gerações deve ter sido lançada por alguma geração, que não é a gT, por que eles são "passivos" (hehehe). Mas se a gente parar pra pensar, isso tudo é preocupante. Por mais que tenhamos 25, 30 anos, isso não quer dizer que estamos fora de ser denomonado com um T. Talvez sejamos tão culpados quanto eles, por que o mundo de hoje é reflexo do que fizemos e criamos há uns anos. Baudrillard talvez estivesse certo... cada vez menos homem e mais máquina. Passamos de receptores à formadores de opinião e agora a retwettadores. Que sejamos filhos do pós-moderno, mas não babacas compartilhadores somente. Na minha época eu ia encontrar os amigos pra fazer música, tocar, fazer "firula" com a baqueta como diz uma amiga. Nos conectávamos com o todo, agora não passamos de cabos usb.
Isso me preocupa.
Os valores estão mudando, por um lado é bom. Agora somos mais conscientes(?), somos mais politicamente corretos(?) ou será que nos tornamos apenas mais hipócritas?