segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Entre suas pernas




Queria fugir entre suas pernas
Queria te sentir uma única vez
Na tua boca me afogar, deveras
Gostaria de te ter

Nos teus seios passear, minhas mãos
Acarinhar seu rosto
E se a resposta for um “não”
Não ligo, tentarei de novo.

Não é carne, somente massa vermelha a escorrer
Nem só luxúria que por dentro
As vezes faz arder

É muito mais do que gostar
Talvez pudesse te admirar, mas cá estou
Somente e tão somente a imaginar!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Entre os dedos


Ultimamente minha percepção das coisas tem mudado consideravelmente, não sei se é um fator biológico, envelhecer dói muitas vezes, não que eu esteja sentindo dor pelo corpo, não, ainda não cheguei à “fase da artrite”, mas dói perceber que estamos envelhecendo, o que antes me dava tanto prazer, hoje já não me satisfaz com a mesma eficácia. Percebo o quanto cresci através do que eu escrevia antes, minhas preocupações são outras, é fácil de ver que já é adulto, quando as faturas começam a chegar no seu nome, e não no do seu pai, quando se quer descansar no domingo, por que segunda feira tem que acordar cedo pra ir trabalhar ou quando você percebe no espelho do seu quarto que nada mais é como antes, inclusive a nova ruga que apareceu em sua testa!


Eu demorei a crescer, fisicamente não cresço desde os 17 eu acho! Mas só fui me tornar adulta de fato agora em 2010. Não é que eu quisesse crescer, acho que no fundo ninguém quer, mas as vezes a vida nos força, já estava na hora da vida me surrar e gritar “Renata! Você precisa reagir!”, eu não tinha nada, só um cartão de crédito e um plano de saúde que meu pai se matava pra pagar. Eu sou a filha caçula, fui mimada, meu irmão costuma dizer que meus pais me estragaram, não nasci para ser dona de casa, não sei cozinhar, passo malmente uma roupa e odeio lavar louça, e isso não é vergonha. Minha mãe me criou para ser “independente”, e meu pai me criou para ser “rainha”, é acho que me estragaram. Nunca precisei trabalhar, sempre tive tudo, mas percebi que era pouco pro tamanho da minha ambição. E resolvi começar a pagar minhas próprias contas.


Não que eu seja ambiciosa a ponto de passar sobre os outros, mas quero dar um futuro bom aos meus pais, da mesma forma que quero ter filhos, só não sei se quero ter com alguém, mas quero tê-los. E isso é engraçado, por que antes eu pensava em casar e ter filhos, não que eu não pense mais, só que agora eu penso de forma mais racional.


Esse ano eu precisei amadurecer, perdi 3 pessoas que eu realmente amava, meu tio e minha tia, que faleceram, me ensinaram tantas coisas durante a vida, e com suas mortes, não foi diferente. E perdi alguém para a vida. É difícil mentir para si mesma, tentar cultivar ódio por alguém, se matar achando que está matando o outro.  Mas com o tempo as coisas começam a ficar dormentes. Mas talvez, sem essas perdas, eu não estivesse onde estou agora. Talvez não tivesse tido forças para reagir, para ser adulta.


Hoje entendo meus pais muito mais do que entendia ontem.


Crescer dói, por que o tempo passa mais depressa, por que um dia perdido pesa no final. E quanto mais perdemos nosso tempo cultivando sonhos perfeitos, os imperfeitos fogem de nossas mãos, assim... Como água entre os dedos.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Or... maybe not



Me sinto muito bem tendo o controle sobre mim mesma. Mas confesso que é extremamente difícil crescer. Sou adulta. Isso me dá medo. Hoje eu posso chegar tarde, posso dormir fora, posso comprar bebidas, posso entrar em qualquer boteco. Porém também preciso assumir os meus atos. Não é tão fácil fugir deles como há dez anos. Talvez seja por isso que eu me desespere tanto às vezes. O medo.
Eu sinto medo. Por trás da minha capa de adamantium, existe alguém verdadeiramente frágil. No fundo eu ainda não cresci. Posso estar madura, posso ser diferente de seis meses atrás, na verdade de ontem pra cá mudei bastante! Sou um tornado, mudando de direção, indo para onde o vento sopra, me perdendo, onde deveria estar me encontrando, ou talvez já tenha me encontrado. Sou cética. Sou insaciável. Nunca está bom, nunca sou boa o suficiente.
Minha alma é formada por dúvidas, incertezas, mas sempre existe o “talvez”, “ou talvez”, meu irmão disse que ainda não nascemos, que na verdade “só se nasce aos 40”, ainda tenho 16 anos para aprender o suficiente para usar em minha vida, e durante essa “sub-vida” cheia de “poréns” e “por ques” e “talvez” eu me torno apenas uma interrogação fragilizada. Me deixo fundir com minhas palavras vagas e discursos eloqüentes.
Não... minha história não acabou, nem começou, ela está no meio, no meio de tudo. Eu não gostaria de reescrever meu passado, mas estou reescrevendo o meio, por que o final se escreverá sozinho e dessa vez espero não terminar com uma interrogação. Quero poder dizer que fui feliz, que sobrevivi a mim mesma... ou talvez...não... talvez não seja nada disso, talvez isso tudo seja um conto de fadas idealizado por uma romântica. E se você bem sabe, toda vez que tentamos prever o futuro ele muda e desse vez... Talvez eu não queira conhecê-lo... não dessa vez!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Quando é preciso dizer Adeus...

Por trás de toda saudade, que machuca e fere, existem infinitas boas lembranças, que por um segundo se tornam facas afiadas, agulhas pontiagudamente cegas. Por trás de toda dor existe uma força descomunal, que nos faz ser capazes de repensar o que e quem somos. Fé é algo que nos conforta, como abraço de mãe que nunca se perde, as vezes essa tal fé que nos acolhe parece não existir, adormecida ela nos causa desespero, e sem saber o que fazer, acabamos escolhendo o caminho mais fácil. Volto a retomar minha idéia de que facilidade não é sinônimo de sucesso, da mesma forma que sucesso não é o mesmo que felicidade.
Para muitas pessoas, pequenos atos e palavras simples, são penas o que aparentam ser, mas para mim, cada gota de sentimento real é um oceano a ser preservado, e justamente durante anos, deixei que construissem em mim esse imenso mar, alguns naufrágios, nada do que não se pode superar, confesso ter algumas manchas espalhadas a espera de algo ou alguém para me purificar. Por um momento perdi minha fé, me afoguei em meus devaneios.

Alguns raios de sol sempre entrarão pela janela, por mais que a piscina esteja seca, sempre será onde aprendemos a nadar. Ler os jornais de domingo não será mais a mesma coisa sem estar em sua sala, da mesma forma que nada mais será igual, nenhuma festa em familia, nenhum Natal.


Hoje pedi perdão a Deus, hoje deixei que minhas lágrimas não só se despedissem de vocês, mas as deixei se despedir de mim mesma. Hoje sou um pouco mais da mulher que vocês esperavam que eu pudesse ser. Hoje eu não tenho medo de dizer Adeus.




Em memória de Francisco de Assis Alves de Oliveira (+ 24/05/10) e Elizabeth Bezerra de Oliveira (+ 02/08/10)