domingo, 12 de dezembro de 2010

Sobre reflexos no espelho



Um pouco mais de um ano. Esse é o tempo necessário para se mudar toda uma vida. Enquanto há um ano era apenas uma adolescente irresponsável, agora é uma mulher com faturas em seu nome, responsabilidades, emprego. Há um ano estava perdidamente apaixonada, e tudo parecia perfeito, quando na verdade estava apenas inacabado, e quando tudo parecia completo, faltavam partes extremamente necessárias dentro do seu peito. Naquela época dinheiro não era problema, alias, a falta dele não era, sair com dez reais no bolso, beber, dançar, e voltar porre para casa pra dormir abraçada com quem se amava. Era isso. Uma ilusão, uma história bem contada para si mesmo. É que naquela época só se enxergava o que se queria ver. E aquela dependência crescia como câncer, até que... até que explodiu e a morte chegou, como aquele primeiro beijo, nosso primeiro beijo, que eu nunca esquecerei.
Não, essa não é uma memória póstuma, só quem morreu foi aquela adolescente, morreu pra nascer uma mulher, é que olhando para trás percebo como foi bom tudo isso, todas as lágrimas derramadas por alguém que no final, talvez nunca tenha existido de fato como era na minha cabeça, e agora, sozinha, mesmo que a solidão insista em segurar minha mão enquanto percorro meu caminho, é fato, eu precisava disso, precisava aprender a viver por mim. Por que nem sempre ser altruísta demais faz bem, é que deixar o ego de lado acaba por não nos satisfazer, afinal somos humanos, Eu sou humana! Eu choro, eu sangro, eu morro, e morrer faz parte, parte de um ciclo infindável. É como se pôr entre dois espelhos e ao olhar o seu próprio reflexo, percebe-se que não temos fim.