domingo, 30 de maio de 2010

Abrindo a porta

Que saiba todo mundo
que não me calo em frente ao trovão
que fico nua diante o frio
que não temo ouvir um "Não"

Escutem todos que me vêem vazio
os que esperam me ver no chão
transtornada, abandonada, derrotada
sinto decepcioná-los meus caros

Mas do buraco onde me enterrei
onde muitos jogaram terra
me fiz mas forte e decidida
me preparei para essa guerra

E como semente ainda viva
mesmo que parecesse morta
estou brotando novamente, me diga
ainda pareço assim tão torta?

Quando de sangue me regaram a vida
Fechei janelas e abri a porta!

sábado, 29 de maio de 2010

Essa noite irei gritar
como louca fingindo ser sã
Por que não me sinto livre
Você pode sentir
Você pode sentir
Você pode me ter
Mas não quero
Não quero

Por que naquela noite
Naquela noite em que você mentiu
Não me deu escolhas
Simplesmente me envenenou
contra mim mesma

Eu quero voar
Que ser livre
Voar por ai
Minha sanidade está me matando
Suas mentiras já estão chegando ao fim

Agora você pode ler minhas palavras
e saber que não acredito mais
nos contos de fadas que você me mostrou
Por que onde estou
Preciso escalar paredes para saber
que eu ainda existo
além de você


Depois de um tempo as coisas mudam, o vento que me sopra a cara, meu reflexo na água limpa. Eu. Mudei sem querer mudar, e na mudança, onde eu estava perdida, percebi que embora ainda não saiba o caminho certo, eu posso me encontrar!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Formatar



Ando meio travada, repetitiva, odeio quando estou assim. Não sei se é por eu estar perdendo a fé em muitas coisas, em mim, nas pessoas, em Deus. Mas nunca me senti tão vazia, incompleta, as vezes me sinto irreal, perdida em um mundo preto e branco, onde não posso brincar de colorir. De uns tempos pra cá ando perdendo grande parte das coisas que eu prezava e precisava, amigos, familia, amor...
As coisas estão fugindo das minhas mãos. E é assim sem controle de nada, que continuo. Não por que quero, mas por que preciso. Fugir, talvez fosse mais fácil, mas quando se perde tanto, o que sobra é diamante e é ai que temos que deixar nosso orgulho e vontades de lado. Não estou mais preocupada com as minhas dores e tão pouco comigo mesma. Mas sinto tudo cair em ruinas, tudo que passei vinte e três anos vendo se erguer.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

"Sem mais delongas"

Eu tentava prever o amanhã
quando você pisava nas lajotas frias do meu quarto
Mas depois de um tempo
a umidade de seus pés foram desaparecendo
Agora já não sei se resta algo seu aqui
Um fio de cabelo
Uma célula esquecida em alguma parte da casa
talvez seja assim mesmo minha querida
Somos como lembranças perdidas
com o passar do tempo
Não quero rimar nada entende?
Não para você
Por mim
E é por nós
que eu estou aqui
Pra provar o contrário da história
que você deixou escrita com sangue
sob a minha pele

Pela casa ainda vejo seu fantasma passar
ainda tenho o resto do sabonete que você costumava usar
Opa! rimei
E é sem querer que eu continua a me perguntar
Como pode alguém deixar
uma pessoa que ela insisti dizer amar?



sexta-feira, 21 de maio de 2010

Segundo Ato



Chora como se fosse um pote de lágrimas
Derrama como se transbordasse vidas
inteiras vidas escorrendo pelo ralo
de nossas razões irracionais
Insana nos tornamos
Loucamente momentânea
querendo sangue como animais.

Então me dê a sua mão
Que agora não está mais atada a ninguém
que agora tateia o ar
buscando encontrar, algo
alguém por quem se orgulhar.

Em sua frente sou espelho
Reflexo rápido que parece perfeito
Porém
Minhas imperfeições a luz devia
para que você possa se confortar em mim
Não que eu seja curva
torta ou tão cínica, mas
já feri por ser ferida demais.

"Enquanto me calo para te ouvir falar"
Leio suas linhas para me sentir mais viva
Peço para que estenda a sua mão
mas creio que a minha está estendida
esperando sentir o toque suave
de sua pele
na minha.




terça-feira, 18 de maio de 2010

Aos treze




Tinha eu 13 anos quando minha mãe me deixou sair sozinha de ônibus pela primeira vez. Naquela época eu era metida a adulta, achava que poderia me cuidar sozinha, que era esperta o suficiente para não deixar que nada de ruim acontecesse a mim. Acreditava nas pessoas, na verdade, acreditava que as pessoas assim como eu eram incapazes de mentir por perversidade. Querem uma verdade ainda maior? Ainda acredito, mas nem tanto assim. Sempre fui muito ingênua, por diversas vezes me "passaram a perna", seja pessoal ou profissionalmente. Já fui apaixonada por um garoto, era louca por ele, sentia aquele frio na barriga quando ele se sentava na carteira ao lado na hora da aula; Um certo dia na feira cultural do colégio fui assistir a apresentação do trabalho dele, que se não me engano era sobre a "santa" Inquisição, ele fazia o papel do carrasco e quando as luzes apagaram, ele me beijou, nossa, eu fiquei mole nos braços dele, mas minha felicidade não durou muito, em menos de uma semana descobri que tudo não passou de uma brincadeira de mal gosto da parte dele e de mais 2 meninas que gostavam dele, e que queriam sacanear com a nerd da sala, no caso Eu! Mas também, depois dele eu não me apaixonei mais... por garotos.
Aos treze descobri muito sobre mim, fui capaz de trocar de turma no colégio por causa de uma "apaixonite" por uma colega de escola. É... Eu devia ter imaginado naquela época que os garotos não seriam o meu único problema. Enfim. É incrivel como temos a falsa sensação de ser a dona da verdade. Aprendi que não era apenas no ensino médio, por que em filosofia descobri que a verdade é relativa, e soube usar isso muito bem, quando o meu professor de filosofia resolveu me dar apenas 9,5 na minha prova, sendo que eu merecia 10, o meu argumento? "O senhor mesmo disse que não existe verdade absoluta, como pode afirmar que não mereço 10 em vez de 9,5?". É ele me deu mais meio ponto, mas me sacaneou na avaliação seguinte. Foi ai que descobri que se você quer ser experta com alguem, primeiro se certifique de que ela não terá oportunidade de dar o troco.
Com essa mesma idade eu dei o meu primeiro beijo, e foi em alguém que eu realmente amava, minha melhor amiga, vamos chamar ela de R., ela simplesmente me ajudou a ser quem sou hoje, não sei por onde ela anda, da mesma forma que ela não deve saber por onde eu ando. Nós mudamos muito. Mas eu nunca vou esquecer das horas que passei com ela na biblioteca do colégio lendo sobre cinema. Nem de quando trocávamos uma banda do all star, o que me rendeu uma ida a psicologa da escola, que acabou minha amiga, pq ela dizia que eu cresceria e poderia ser uma ótima escritora, ou desenhista, ou o que eu quisesse. Eu queria ser jornalista. Hoje a R. é jornalista. Ela dizia que nasci pra ser artista. Hoje eu sou quem eu sempre quis ser.
Eu mesma.



domingo, 16 de maio de 2010

Novamente



Os dias vão passando. Novos fatos acontecem todos os dias, pessoas morrem, crianças nascem, a noite engole o dia enquanto esperamos o sono chegar. Alguns sentimentos morrem, porém, muitos outros sentimentos iguais a esses sobrevivem. No fundo você sempre vai saber que tem algo mudando, mas também irá sentir quando realmente acabar, e quando não acaba? E quando simplesmente ele está lá, de castigo, de cara pra parede ou esperneando? Você sabe quando alguém não te ama, por que é só olhar nos olhos ou então sentir que agora está sozinho de verdade. Quando uma pessoa finge pra você que não te ama, o que você faz? E quando ela começa a fingir pra si mesma? O que devemos fazer? Meu pai falaria para ter paciência. Concordo! As vezes o tempo é o único que pode curar feridas, até as mais profundas.
As feridas mais dolorosas não possuem sangue e tão pouco deixam marcas visiveis, elas são capazes de matar alguém a cada dia que passa, nos transformam em algo que não queremos ser, em pessoas que odiariamos conhecer. Já fiz muitas feridas destas, e muitos já me feriram também. Espero um dia poder me curar e quem sabe nesse mesmo dia a gente possa se encontrar... novamente... ou não!


quinta-feira, 13 de maio de 2010

are you alone?







Este é um trabalho pessoal, eu tinha feito esse meu auto retrato, não que ele pareça comigo, mas era como eu me enxergo muitas vezes. O desenho foi feito com nanquim e pintado com aquarela, ai eu passei pro pc, e finalizei no photoshop... Eu gostei, sempre me faço essa pergunta... Você está sozinha?

Amanhã



Amanhã
Quando você acordar
Olhe pela janela
Lembra da piscina onde aprendeu a nadar?

Amanhã
Quando o sol bater forte pela porta
Na cozinha onde costumávamos jantar
Vou estar

Amanhã
Quando o corredor estiver vazio
E sala estiver cheia
Vou ficar

Amanhã
Quando todos chorarem por mim
Irei enfim, sorrir
Pois não irei dormir, e sim acordar.






Essa poesia é dedicada ao meu tio
Francisco de Oliveira, que
está muito doente na uti.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ganso no Tucupí



Eu poderia começar esse texto com uma ótima frase de efeito sobre futebol, mas não gosto de futebol e sou péssima com frases de efeito. É dificil escrever sobre o que não gosta, tá certo que me ajudaria muito saber o que é um impedimento...haha... mas não sei, então tô ferrada. Só queria deixar claro que não sou nenhum tipo de comentarista esportivo e muito menos jornalista, se bem que hoje eu poderia até ser, mas se meus amigos jornalistas lerem isso irão me "esfolar viva". Enfim. Esse esporte que é apreciado por quase 100% da população do nosso país, nunca me chamou muita atenção, existem vários fatores, um deles é o fato de eu não entender as regras, e confesso que não faço nenhum esforço para isso, também não me agrada muito um bando de homens suados correndo atrás de uma bola.
É triste saber que ser jogador de futebol em nosso país é mais valorizado do que muitas profissões, e para um designer é lástimavel, me mato pra ganhar uma merreca, estudando ergonomia, tipografia, gasto tempo e dinheiro aprendendo novos softwares, e um cara ganha mais de um milhão de reais pra correr atrás de uma bola. Okay! Acho que ninguém sonha em ser designer quando é criança, eu queria ser ufologista sabe? Estudar Ovnis, meu irmão tinha umas revistas sobre et's, e eu achava um máximo. E tentei ser jogadora de basquete, mas eu só tenho 1,60m...
Tem muita gente "metendo o pau" no Dunga, por que ele não escalou o Neymar e nem o Ganso, tenho que admitir que pela fama dos muleques, eles devem jogar muito, eu não posso afirmar, por que o ultimo jogo que realmente assisti foi um do Flamengo em dezembro do ano passado. E nesse rala e rola, bate coxa, acabei descobrindo que o Ganso é paraense aqui de Belém, o menino jogou na Tuna Luso, e foi descoberto pelo Giovanni, também paraense, jogador da seleção... reserva se não me engano. Futebol e Pará não combinam mesmo. Aliás, falando em combinação, será que rola um Ganso no Tucupí?


terça-feira, 11 de maio de 2010

Não-Lugar



Há tantos assuntos que eu poderia escolher para desenvolver um texto, que em vez de facilitar a vida, torna mais difícil a escolha. Foi quando lembrei de uma frase que li nos "dois pontos:" da revista virtual Não-Lugar, que é uma ótima fonte de cultura para quem gosta de fotografia e arte contemporânea. Lá havia uma frase que me chamou bastante atenção, "Seria o olhar um obturador sensível ou uma paleta de cores?"
Para quem não sabe o obturador é a estrutura responsável pelo controle do tempo em que a luz irá incidir sobre a película fotográfica, e paleta de cores, inicialmente era aquela tábua onde se encontrava as tintas que um artista usaria para pintar um quadro, mas hoje o conceito é um tanto digital. Enfim. Achei a pergunta um tanto inteligente.
Entre as diversas idéias que veio à minha cabeça, comecei a me questionar sobre a diferença de olhares entre uma pessoa e outra, por exemplo... uma pessoa que não está tão atenta as expressões artisticamente estéticas e uma pessoa que faz da arte um "estilo de vida". Quando uma pessoa "comum" olha pela janela, ela irá sim observar muitas coisas, o verde das plantas, o azul do céu ou a variação do cinza nos prédios, eis que sua visão é como uma paleta de cores. Ela enxerga o óbvio.
Artistas e admiradores das artes são seres altamente observadores, capazes de perceber detalhes muitas vezes subliminares, e onde há um borrão de tinta para os demais, para ele há sentimentos, formas coerentes de se ver o mundo de uma perspectiva diferente. São muitas vezes tão sensíveis quanto um obturador fotográfico. Na verdade o seu olhar é uma fusão entre os dois, cores e luz nos faz perceber a vida de inúmeras formas, o que muitas vezes nos ajuda a ter uma mente mais aberta a coisas novas. Modernidade e Liberdade de pensamentos e ações.
Em outras palavras, o que falta aos demais é apenas a sensibilidade. Por que o mundo não foi feito para a gente viver por viver, ele tem que ser sentido, admirado, temos que mergulhar em suas cores, não é apenas olhar, é enxergar o que há além do além!






link da revista Não-Lugar

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mostarda



Você pode tentar se enganar meu querido amigo, te falei para não fazer apenas o que você queria, as coisas nem sempre são como queremos, muito menos são melhores, nós somos crianças em um campo de batalhas. Me diga até quando seremos inimigos, se estamos lutando pelo mesmo objetivo? Você está louco ou apenas finge? Não quis te deixar pra trás, mas você está pedindo por um pouco de pena! Aquele sentimento que nós sentíamos agora não passa de uma lembrança, mas no fundo nós dois fingimos ser super heróis para nós mesmos, por que queremos ter um história emocionante para contar aos nossos netos. "Você se importa de passar a mostarda?" Não era isso o que você gostaria de ouvir, mas é a única coisa que eu poderia falar agora.
Então vai lá... Corre atrás daquele rolo de filme que você quer rebobinar, eu nem me importo mais, por que prefiro ser o diretor, do que apenas o espectador esperando pelos créditos finais, enquanto você ainda está apertando a tecla "play" eu já sei como irá terminar. Sabe por que? Por que foi eu que escrevi o final!
Amanhã quando você acordar, enquanto espera o telefone tocar, e fica se lamentando das grandes distâncias, pode ter certeza que já conquistei três continentes e um território a minha escolha!



sábado, 8 de maio de 2010

Inevitavelmente


Dizem que os dias vão passando mais rapidamente à medida em que vamos envelhecendo, e os meus não são diferentes, eles passam em uma velocidade assustadora, as vezes sinto como se tivesse vivido anos, mas apenas se passaram meses. Relatividade. Como posso eu viver anos, envelhecer anos em tão pouco tempo? Certos momentos, confesso, passam em slow motion. Então onde está essa rapidez? Será a gravidade exercida pelo Sol que está nos levando para mais perto e com isso fazendo nosso ano ser mais rápido devido a diminuição do raio? Ou será nossas cabeças cheias de querer e não poder?
Estou velha, tão cansada de tudo que reaprendi a perder os meus sonhos, amnésia talvez, lapso de memoria gritante, que me fez desandar do caminho que estava seguindo. É certo que para algumas pessoas, o tempo corre ao contrário, quase como um "orgasmo esquizofrênico", frenesi a flor da pele! E ao contrário das demais que envelhecem, elas ficam mais novas, mais vivas, mais platônicas em suas escolhas. Eu às admiro, queria ser assim. Mas envelheço, minha racionalidade cresce enquanto me esqueço de sonhar.
Enquanto meu tempo não se decide em que velocidade ele se torna constante, vou aprendendo a desviar dos pesadelos que joguei no chão!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ver... Ser




É estranho quando nossa rotina muda, quando já não temos por que ligar pra pessoa de sempre, quando começamos a perceber que existem prioridades bem maiores. As pessoas costumam não olhar para si mesmas, e cada vez menos nos olhamos no espelho para nos reconhecer como ser, fazemos por vaidade, mas quantas vezes você olhou fundo nos seus olhos desde que o ano começou? O mundo vai mudando, e nós que tentamos negar nossa participação direta nele, tentamos transformar nosso cotidiano em algo menos miserável.

Você se reconhece ao se olhar? O que você vê refletido no espelho é você mesmo ou apenas uma projeção superficial? O que está refletido é o que você abomina ou quem gostaria de ser por completo? Negar a si o que é, não é viver outra vida, ser outra pessoa, na verdade é simplesmente não ser ninguém. Quando você passa a evitar o que sente, é como se jogasse no lixo parte de si mesmo. É estranho, a rotina não é mais a mesma, sem telefonemas de boa noite, sem conversas longas pelo msn, sem declarações de amor e ódio. A vida não é mais a mesma. Será que é a vida? Ou apenas uma projeção mal feita de um filme qualquer?

Passar horas lendo, bebendo com os amigos não muda quem você é ou o que você sente, por que meu amigo, quando você deita a cabeça no travesseiro, naqueles poucos segundos entre estar acordado e partindo para um sonho qualquer, você sempre vai saber que está mentindo para si mesmo.


imagem: rê caraih

domingo, 2 de maio de 2010

Cegueira



Quando se está cego, o tato desenvolve de uma maneira extraordinária, o ato de passar as mãos sobre quase tudo se torna um meio de fazer parte do tudo. Sentir o mundo pela ponta dos dedos.
Quando se está cego, ouve-se mais do que o comum, consegue distinguir sons que jamais imaginaria conhecer.Muitas vezes ultrapassa a barreira do "invísivel". Quando se está cego, seu paladar consegue perceber minúcias. Nem mesmo um simples beijo, continua simples.
Então por que dizer que quando nos apaixonamos ficamos cegos?
Quando nossa atenção se volta à alguém, perdemos todos os nossos sentidos, é quase como um estar em coma, não ver, nem ouvir, calar e sentir apenas o que queremos sentir. E muitas vezes se perde o controle. Se acorda desse estado sem saber se ainda vivemos.


Coma



Dormir
E não sonhar
O que é ser você aqui?
É ter o seu lugar?
Estar e não estar
Gritar, silenciar
Posso eu estar sonhando?
Em um pesadelo
Meu eu, estranho
Eu.