terça-feira, 26 de junho de 2012

Eu não acredito em poesia


Eu não acredito em poesia. Mas já escrevi. Há muito tempo atrás, quando eu acreditava em amor. Quando não o conhecia. Quando ele não passava de utopia de um romântico qualquer... Eu escrevia poesia. 
Escrevia por aquele amor platônico pela professora de Língua Portuguesa ( que estaria decepcionada certamente se lesse este blog cheio de erros), escrevia pra garota popular do colégio que me tratava como merda por que eu era a nerd da sala e costumava transformar minhas divagações adolescentes em poema, por que naquela época eu não tinha contas para me preocupar, nem uma casa para manter e também era mais prático usar da licença poética para não ter que usar a pontuação de forma correta... Coisa que não faço até hoje.
Confesso que atualmente não consigo ler nem um bom poema sem achar um saco; desculpe-me Camões, Neruda e milhões de poetas que deixaram as mais doces palavras de amor eternizadas. Talvez seja por que eu tenha perdido a capacidade de acreditar. "Amor é fogo que arde sem se ver"... mais uma vez peço perdão ao poeta português, por que para mim esse sentimento se assemelha mais as palavras de Augusto dos Anjos, "O beijo, amigo, é a véspera do escarro". É muito mais real, é muito mais humano.
Amor dói, fere e amarga o beijo mais doce com mentiras bobas. Isso é amor? Por que é isso que leio nas entrelinhas de cada verso. Que diabos de sentimento é esse que nos destrói? Que nos implode e divide?
Poesia é como se cortar com papel afiado. Sangra e derrama... E no final acabamos todos manchados.