quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Espelho

Hoje me olhei no espelho, tentei enxergar diversas vezes o que se perdia a cada dia, entre aquelas palavras já ditas. Pude perceber que por trás daquela romântica incorrigível, existia outra romântica incorrigível, a diferença entre elas, era uma fina névoa de solidão. Enquanto uma se deleitava em suas lembranças, mentalizava os diversos braços em que já estivera, afim de esconder de si mesma o que realmente sentia; a outra afogava-se em suas próprias lágrimas.
A primeira, ríspida consigo mesma, fingia ser forte, e derramar uma lágrima era como perder a guerra inteira; se é que existia uma “guerra”; e sempre que ouvia mais um “Não!”, ela se enchia de ódio, dizia que era por quem a tinha negado, mas sabia no fundo, que aquele ódio todo, era de si mesma. Toda manhã esvaziava-se, como um jarro cheio de água jogado no esgoto. Negava a si o que era, e aos outros sorria o sorriso que via na TV.
A outra por sua vez, apesar da tristeza, era pura esperança, otimista e apaixonada. Não conseguia sentir raiva, muito menos se envenenava. Esperava por um único telefonema, por uma ultima chance, que de longe parecia ser impossível. Sabia que a única pessoa capaz de lhe satisfazer seria ela mesma, mas que existia outro ser que poderia lhe completar. Já havia cometido erros, e seus defeitos eram visíveis aos que já haviam passado pela névoa tênue que lhe rondava.
Beijo amargo o não dado. No momento transformado em ferida que tardaria a sarar. Porém aquela ferida já estava aberta e sangrava todo o amor que dele não poderiam mais desfrutar.
Quando dei por mim, estava diante do espelho, cortada em dois pedaços. Nenhum deles estava completo, por que por mais que se unissem, que se dessem as mãos, ainda sim em meu peito, aquele beijo negado, tinha me ferido, deixando-me incompleta. No lugar do coração que batia forte, tão forte agora, ele não batia.

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