sábado, 20 de fevereiro de 2010

Consagrada a Deus




Hoje não estou escrevendo por mim. Na maior parte do tempo somos egoístas a ponto de somente ver nossos próprios problemas, como se o mundo fosse o coadjuvante, como se o sol girasse sobre nossas cabeças cheias... De nós mesmos! Crescemos em uma sociedade que nos ensina ver só o que queremos ver ou ter, desde que nos entendemos por gente, nossa familia não passa de quem mora conosco, mãe, pai e irmãos, no máximo avós e aqueles tais personagens que aparecem com o nome de tios e primos se tornam figurantes de nossas trágicas novelas.
Não nos damos conta do quanto alguém representa até estar perto de perde-la e outros somente quando já não há volta. Existem coisas que para muitos é banal, mas que para você mesmo vale mais do que um milhão em moedas de ouro. Devem estar se perguntando por que estou falando essas coisas, já que não é sobre mim. Eu só tive duas festas de aniversário em família, meus três e cinco anos, depois daí, meus pais nunca mas fizeram nada para comemorar o dia em que nasci, sei que não foi falta de importancia, mas vocês sabem que vida de militar não é fácil, meu pai passou doze anos sem aumento, enfim, a questão é que sem festa, o resto da minha familia nunca lembrou do meu aniversário, sem presentes, sem ligações, exceto de uma pessoa, minha tia Beth.
Todo ano ela ligava, me dava os parabens e dizia que confiava em mim. Quando meus pais não aceitavam o fato de eu ter uma banda de rock, ela falava pra eles que eu tinha nascido pra ser artista, quando fiz meu primeiro show, ela não pode ir, mas vibrou, enquanto todos colocavam em questão o fato de eu ser designer, ela dizia que eu tinha talento, e que era pra sempre acreditarem em mim. Aos 14 anos eu fazia parte do clube dos poetas paraenses, uma poesia minha foi publicada, e advinhem quem estava na noite de autógrafos fazendo papel de tia orgulhosa, ela., minha tia Elizabeth.
Dedico esse post a ela. Com certeza alguém que sempre acreditou em mim e que sempre irá acreditar. Ela está lutando contra o câncer, no mesmo hospital em que nasci, no Rio de Janeiro. Hoje recebi a notícia que as coisas não estão bem e cá estou eu, chorando na frente do computador, me lamentando por não ter dito que a amo, e que agradeço toda a confiança que ela deposita em mim. Espero ter a oportunidade de falar isso a ela.

Sabe tia, minha tinha Beth, por mais que eu nunca mais receba aquele telefonema na manhã do dia 30 de novembro, sei que a senhora não irá esquecer de mim... jamais. Eu te amo...


foto (album de família):
Noite de autográfos no IAP
mamãe, tio Frank, tia Beth,
eu, tio Edson e prima Leila.

Um comentário:

  1. Espero que a sua tia consiga ganhar essa luta!
    Esse post foi uma homenagem linda!

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