terça-feira, 24 de novembro de 2009

Em seus braços



Bem ali, ela estava bem ali, prestes a vir me carregar, e eu a olhava atentamente, vendo seus atos, temendo uma aproximação mais brusca. Ficamos ali nos entreolhando, ela me seduzia aos poucos, pensei diversas vezes em deixar ela me erguer em seus braços e me levar para onde ela desejasse. Eu sorri. Às vezes até esquecia o que estava acontecendo e me sentia bem. Não sei se a dor era tanta que eu estava perdendo a noção do que sentia em meu corpo ou se ela realmente estava indo embora.

Fechei os olhos...

...

- Você está ai?

...

- Reanima ela... Você está ai?

...

Minhas pupilas dilataram, e a luz era forte demais, vi apenas borrões, três serem sobre mim, meu peito doía, parecia que estavam dando socos na minha costa, e meu coração se retorcia dentro de mim, eu sentia que fosse tudo explodir. E ela ali parada olhando tudo aquilo. Ela sorriu friamente, estendeu a mão. Comecei a chorar freneticamente. Agulhas. “Eu não quero!” foi o que meus lábios falaram sem um pingo de voz, eu estava desligando.

...

“Você não quer mesmo ir?”

Meu coração ainda batia, dolorido, apertado, doente, mas batia como uma mão fechada quando dá um soco no muro. “Você pode ficar livre. Como você sempre pediu, nos seu sonhos, nos seus pensamentos, estou te dando a chance que sempre esperou!” – Sua voz era doce, tão suave... Quase me deixei levar por aquela loucura. Eu não podia ir, não podia ser covarde e deixar todos para trás. Seria eu tão amarga?

Fechei os olhos, me perdoei por tudo, jurei pedir perdão... E quando abri os olhos...

Ela já não estava lá!


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