Tive duas outras crises muito fortes, tão fortes que nem Lexotan na veia fazia efeito, não tinha nada, apenas eu de mãos dadas com a minha sorte. Não morri graças aos meus pais que agiram rápido, "mais alguns minutos e ela não teria resistido" disse o médico na primeira vez e o que era pra ser uma despedida fez com que eu começasse a enxergar as coisas de forma diferente.
Entrei em processo de depressão várias vezes, me forcei a sair por que não queria me dar ao luxo de sentir pena de mim mesma, encontrei motivos pra viver entre os acordes da minha guitarra e logo em seguida entre os tons da bateria. Era sempre assim, tocava como se fosse a última vez. Sempre fui carinhosa, mas isso tudo fez com que eu nunca me despedisse sem dizer o quanto amava ou gostava de alguém. Acho que todo mundo deveria fazer isso, dizer o que sente, antes que seja tarde demais.
Passei quase dois anos tomando medicamentos, as crises diminuíram, mas o mal que eu tinha feito para mim mesma no meu desespero, já não tinha mais volta. Mas como diz a minha melhor amiga, Monique Malcher, eu sou "o ritual de ano novo em pessoa", pelo meu não medo de mudanças e isso não quer dizer que eu não exite diante delas, resolvi me reciclar, assim como já me resetei muitas e muitas vezes, sempre quando é preciso. Não tenho cores favoritas, nem uma única música preferida. Posso estar no Rio de Janeiro e no dia seguinte me mudar pra Grécia, ou pra outro país que não esteja em crise, já basta as minhas próprias.
Onde quero chegar?
Não tenho medo de morrer, depois que a gente desmaia não sentimos mais nada. Mas enquanto estamos aqui, permanecer o mesmo é quase um crime. A beleza da vida é se reinventar a cada página virada.
Nossa, que história! Realmente a gente só começa a valorizar de verdade, depois que passamos por situações conturbadas como a sua. Gostei muito do texto e dessa bela frase "A beleza da vida é se reinventar a cada página virada.". A renovação é totalmente necessária, ninguém pode ser a mesma pessoa pra sempre. Viver assim não é viver.
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