sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Uma nova esperança (e não é Star Wars!)


Essa semana tive uma experiência nova. Não, não usei drogas e nem fui em um puteiro ou algo parecido. Fui a um analista. É, um psicólogo. Nunca pensei que um dia precisaria, logo eu que sempre fui minha própria analista, ficava na frente do espelho, olhando nos meus próprios olhos em busca de respostas. Mas as vezes, por mais que tentemos enxergar, tudo parece estar encoberto por uma névoa densa, espessa e escura. Cheguei meia hora antes, a ansiedade me correndo por dentro, fiquei lá esperando até o analista aparecer. Fiquei minutos olhando o dispositivo ante incêndio e imaginando como seria se eu acendesse o isqueiro (que eu não tinha). Caos. Sim, seria um caos, um prédio de dezenove andares sendo evacuado por nada. E é exatamente assim que está a minha cabeça. Um caos, precisando ser esvaziado por absolutamente nada. Não que meus problemas sejam nada, mas a causa deles é, e nem deveria significar algo para alguém como eu.

Exatamente às sete começou a sessão, eu simplesmente não sabia o que falar, me senti no primeiro episódio de Adorável Psicose, quando a Natália Klein diz estar nervosa, que parecia primeiro encontro. De fato, é o que pareceu. Ele me perguntou se eu já tinha feito análise, "não", eu respondi. Perguntou a causa de eu estar indo, depois daí só foram lágrimas, é, eu choro também. Aliás, fazia tempo que eu não colocava pra fora tanta coisa. Conversamos sobre meus sentimentos e sensações, ele quis saber como eu me sentia com tudo o que está acontecendo. "Não sei", mais uma vez respondi e logo completei, "As vezes sinto ódio, as vezes amor e em certos momentos eu consigo bloquear e me sentir vazia. Mas é muito ruim essa sensação de vazio, de não sentir nada, mas não sei o que é melhor". Falei tudo o que tinha pra falar, fiquei olhando pra ele e ele pra mim, aqueles segundos pareciam eternos, ai senti mais uma crise de ansiedade se aproximando. "Respira" disse ele, parecendo que sabia o que iria acontecer. "E o quê você está sentindo agora?". "Ansiedade" disse eu. "Respira."
Depois de ficarmos ali algum tempo, fui me acalmando e realmente, a ansiedade passou. Mas a medida que contava toda a minha situação, aquele sentimento de revolta continuava a me desgastar.

"Aqui é um momento seu, pra falar de você" afirmou ele franzindo a sobrancelha. De fato, naquela primeira sessão falei muito pouco de mim. Ele me perguntou se me sentia culpada, respondi que não, por que realmente não me sinto culpada, mas com uma parcela de responsabilidade. Saí de lá. Acho que essa terapia vai me ajudar. Se não der certo, talvez eu tente uma nova experiência e vá a um puteiro ou algo parecido!

3 comentários:

  1. A terapia auxilia muito, ao meu ver. Sei que sou suspeita pra falar, porque curso Psi. Mas, a gente parece sair de lá, outra pessoa. Parece que um peso sai de suas costas e tudo mais. Espero que pra você, seja produtivo. Gostei de seu relato.

    ResponderExcluir
  2. Também espero que seja produtivo. Mas realmente, sai de lá bem mais leve. =)

    ResponderExcluir
  3. É um movimento sensacional o que um sujeito faz no início de uma análise que é o de começar a encarar e a confrontar a si mesmo. Coisa dificílima e que, na verdade, é um movimento que perdura até o fim dela, aos trancos e barrancos... Sempre tem essa pedra no meio desse caminho, e é isso mesmo. Mas é um esforço que se faz por si próprio capaz de trazer os mais surpreendentes resultados (tanto para o sujeito como para o analista, diga-se de passagem). É aquilo, "tudo vale a pena se a alma não é pequena...quem quer passar além do bojador, tem que passar além da dor..."
    :)

    ResponderExcluir